quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A brutalidade inteligente do Helmet volta ao Brasil



RIO - Era uma vez, nos anos 1990, uma banda que gostava de tocar rock pesado. Muito pesado. Baixo, bateria e uma das guitarras eram concreto puro. A outra guitarra, ácido sulfúrico. E os vocais, frequentemente berrados. Mas na hora de mostrar a cara nos videoclipes... ó, que surpresa! Cabelos curtos, roupas comuns, caras nada marcantes. O heavy metal nunca mais foi o mesmo depois do Helmet, banda americana que volta ao Brasil pela terceira vez, agora para shows em Brasília (esta sexta-feira, no festival Porão do Rock) e Porto Alegre (amanhã, no Beco 203 - a banda também tocou na quionta-feira em São Paulo). Aos 51 anos de idade, em entrevista por telefone, o guitarrista e vocalista Page Hamilton (fundador da banda e único remanescente da formação original da banda) não resiste a uma bravata:
- Toco mais pesado que muito garotão de 22 anos!
Quem tem alguma dúvida, que ouça "Seeing eye dog", o sétimo álbum do Helmet, lançado no ano passado (mas até agora não no Brasil). A combinação de brutalidade e inteligência musical (Page estudou jazz) dos velhos tempos se renova na faixa-título e em outras faixas como "So long", "LA Water", "White City" e "Miserable". A barra só fica mais leve numa interpretação quase respeitosa de "And Your Bird Can Sing", dos Beatles.
Tanto quanto o peso, ecletismo e sensibilidade são palavras-chave em se tratando do Helmet, banda que exerceu decisiva influência em nomes ajudaram a dar uma nova cara ao metal, como os Deftones e o System of a Down. Por essa e por outras, Page recomenda aos novatos do rock pesado: ouçam John Coltrane.
- Muito do que está por aí no metal é somente raiva pela raiva, não diz coisa alguma. A raiva é apenas um dos sentimentos que você consegue expressar na música. E John Coltrane conseguia fazer isso como ninguém - diz o guitarrista, que ainda toca, nas horas vagas, com um grupo de jazz.
Além das músicas de "Seeing eye dog" e de clássicos como "Unsung" e "In The Meantime" (do disco "Meantime", de 1992, que popularizou o Helmet em meio ao movimento de rock alternativo iniciado pelo Nirvana), Page diz que anda ensaiando com os músicos coisas como "Rollo" e "Vaccination", faixas do cultuado disco "Betty", de 1994, conhecidas por suas complicações rítmicas e pulsação contagiante.
- No ano que vem a gente pretende estar tocando esse álbum inteiro - promete o guitarrista, que diz se sentir muito mais à vontade no palco do que nos anos 1990, quando o Helmet contava com a bateria virtuosa de John Stanier (hoje, integrante do grupo de rock experimental Battles).
- Aprendi bastante ao longo dos anos. Foi natural que eu melhorasse como instrumentista e cantor - diz o americano, que nos últimos anos parou de fumar e intensificou exercícios físicos. Tudo para continuar a dar lições aos garotões que acham que tocam pesado.


Fonte: Site www.oglobo.globo.com


Para lembrar vamos ver o Clip da música Unsung do CD Meantime:

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